Desequilíbrios hormonais comuns em atletas de alto rendimento

Atletas de alto rendimento são submetidos a demandas físicas muitas vezes inimagináveis para a maioria das pessoas comuns.

Como sabemos, a performance é um verdadeiro “caleidoscópio” onde inúmeras variáveis corroboram simultaneamente para entregar o melhor desempenho físico.

As três variáveis mais importantes são:

  • O sistema cardiovascular
  • O sistema respiratório
  • O sistema músculo esquelético

Obviamente que os dois principais sistemas de controle do nosso organismo (sistema nervoso e sistema endócrino) também estão intimamente ligados à entrega de performance. O primeiro sendo responsável pelo aprendizado e pela entrega do gesto motor e o segundo responde por toda miríade de reações químicas e mudanças metabólicas necessárias à alta performance.

Entre os hormônios associados diretamente ao exercício físico, podemos citar:

  • As catecolaminas: responsáveis pela mobilização de estoques de energia (gliconeogênese, glicogenólise, cetogênese e mobilização de triglicerídeos através da ação do AMP cíclico), aumento da fração de ejeção cardíaca e broncodilatação;
  • O cortisol e o CRH: responsáveis por sensibilizar a ação das catecolaminas, mobilizar estoques energéticos e contribuir como agente euforizante e anti-inflamatório;
  • O GH (hormônio do crescimento): no adulto possui uma ação anabólica, associado à testosterona, mas também é capaz de mobilizar estoques de energia, principalmente o glicogênio muscular e hepático, além de contribuir para a preservação da massa magra em períodos de jejum mais prolongado.
  • A testosterona: responsável pelo anabolismo muscular, manutenção da massa magra, agressividade e síntese de glóbulos vermelhos no sangue.
  • O ADH (hormônio antidiurético): é um dos responsáveis pela manutenção da volemia e em estados de secreção exacerbada, como em praticantes de esportes de Endurance, pode haver um tipo de anemia dilucional, chamada de anemia do atleta (também relacionada a distúrbios alimentares como anorexia e a micro traumas nas plantas dos pés em corredores).
  • O estradiol e a progesterona em mulheres: a secreção depende dos níveis de estoque de energia disponíveis e em casos extremos. Pode haver a chamada síndrome da mulher atleta, onde ocorre uma redução gradual em cada fase lútea até o fim da ovulação, seguindo por uma redução gradual da fase folicular e, por conseguinte, dos níveis de estrógeno, o que pode acarretar oligo ou amenorreia, além de infertilidade e lesões ósseas como osteopenia, osteoporose e fraturas patológicas. Também é característica dessa tríade as alterações do hábito alimentar, como anorexia e bulimia, agravando ainda mais os transtornos energéticos, sexuais e ósseos.
  • Insulina: No caso desse hormônio, o exercício é um grande aliado na melhora do controle glicêmico e na sensibilização dos receptores de insulina, sendo uma ferramenta importantíssima na terapia de pacientes diabéticos.
  • Hormônios tireoidianos: Nesse caso não ocorrerá problemas desde que a tireoide e a hipófise estejam íntegras e o fornecimento de iodo dietético seja adequado, mas caso você solicite uma avaliação da função tiroidiana nesses pacientes, o mais provável seria encontrarmos um quadro semelhante a um hipotireoidismo central (de origem hipofisária) com TSH, T4 e T3 normais, porém em níveis baixos e níveis aumentados de T3 reverso.

Outras alterações descritas em atletas são a síndrome do overtraining e síndrome da inadequação nutricional na criança atleta, que possuem basicamente a mesma etiologia da síndrome da mulher atleta, porém com peculiaridades nos homens, como queda dos níveis de testosterona; alterações emocionais, como depressão; alterações comportamentais, como queda na libido e insônia, perda do apetite e perda de performance. Já nas crianças pode haver um retardo no crescimento atrelado a uma imaturidade óssea que, mesmo após a interrupção da prática esportiva, pode levar a perda de estatura permanente.

Obrigado por chegar até aqui! Para aprender mais, você pode encontrar aulas detalhadas sobre todos esses assuntos na plataforma do Endoesporte!

Referência:

Endocrinology of Physical Activity and Sport
Second Edition 2103 Editors: Naama Constantini, Anthony C. Hackney

30/08/2023

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